(Imagem: René Magritte)
Desejo seu desconhecido
E você ao meu.
Tão inventado e colorido
Quanto pintam as memórias
Quanto criamos histórias.
Recrio seu gosto
Seu tato
Seu olhar surreal
Seu núcleo mole
Seu cheiro casual
Sei de cor um milhão de coisas
Que sei que não são - ou são.
Desejo ser doce, caber nos seus inventos
Ter o tamanho certo.
Te crio com margens de segurança,
Pra cá ou pra lá
Invento um personagem que cria a si mesmo
Que tem vontades que eu não sei
Ele me mostra no tempo
De cada frase
Tiro um tom
Crio uma sonata,
Nada, crio um soneto.
Crio um espelho que me engole
E já não tenho rosto
Tenho o tamanho exato do sonho que imagino
Tenho o tamanho do vento que invade suas janelas
Sussuro o anseio do encontro
E é em breve
Medo de viver um sonho
Agora com corpo e vontade
Agora no tamanho dele
No andar puro...
Temo me ver em seus olhos
E derreter meu coração.