quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Canção pra uma manhã qualquer.


É feriado. Acordo cedo. Acordo cedo todos os dias. Não como quem é obrigado e salta da cama com raiva por ter de fazê-lo. Acordo naturalmente cedo e aprecio os barulhos silenciosos da casa ainda desabitada as 8 horas da manhã. Preparo um café forte, como de costume, pra salientar o gosto bom que tem os inícios. Acordo com vontade de caminhar pelos raios de sol que escapam por entre as volumosas nuvens. Construir uma delícia que se acha com cheiro de mar. De fruta partida na mesa, que há de satisfazer, com amor, duas metades. Ando pela casa e ainda me surpreendo com o fato de tudo estar no exato lugar que deixei na noite anterior. Me deparo com novos seres, outras criações, elas por cima dos jornais de ontem, recebo o de hoje. Quero sol! Saio pra dar uma volta, encontro a mim mesma dobrando a esquina num passeio casual. Estou serena, com cara de quem ama e amou a noite toda e mesmo assim, acorda cedo. É samba e amor até mais tarde e nenhum sono pela manhã. Divirto-me tentando planejar todo o dia do feriado, mesmo sabendo que tudo escapará de minhas mãos, essa será a delícia. Recito um verso qualquer de vontade e potência, disperso, entrego à vida. É ela quem sabe, se corro ou pego chuva, se escrevo ou luto, se crio... Me crio, sem crivos, te creio. Cria a beleza que a todo instante se recria. É feriado, mais um gole de café, um limão, talvez. Que prazer poder ter o azedo, o amargo... Meu coração é todo oposição, assim como o corpo inteiro.

Um comentário:

  1. Quanto tempo não passo por aqui.
    Nessa breve crônica a gente acompanha cada um dos seus passos e gestos, assim como sente na boca o gosto do café forte mesclado ao limão.

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