Se joga na corda, menina. Se não embola!
Tantos desejos que movem seu peito, tantas esperas, batalhas, dedicações. É chegada a concretização dos devaneios inacreditáveis.
Abre a porta pro novo louco, que ele seja seu amigo, abrigo, na partida, partilha, ressureição.
Que você morra, pelo outro. Que morra a cada segundo, renascendo da troca, renovando a vontade. Destruindo as bases que já não servem. Chegou a hora de mudar a casca, destruir a armadura confortável que até então lhe acolheu e protegeu. Chegou a hora de implodir e reconstruir, criar o que deseja.
É agora a prova, diária, da renovação, da reaceitação da sentença almejada. É preciso descalçar as velhas pegadas, tão certas de chão.
Cai do abismo, doce criança! Alucina na noite com a sua dança toda sonhada, toda víscera e alma. Entrega o corpo a vinda dos ventos, as vidas que são. Aos cálices, postes, telas, vielas. Acorda na carne doida de realização, de gozo profundo na força clara. Aceita o fluxo do centro mole, abriga ele com estrutura, tamanho, precisão.
Molha teu rosto garota, bebe da fonte.
Olha-te no espelho: qual boca te serve agora? - ouve tuas palavras- Que olhos as dizem? Que corpo as clama?
Ouve seus medos: e esquece. Coragem é o passo! Aquele que só a tua sola vai sentir e transformar a ossada, reconfigurar as vias, abrir o coração pro quente, amor.
Abre espaço, menina. Que a vida agradece sua gratidão.